terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Queixas e Travessuras Transcendentais


A Suprema Personalidade de Deus, que é descrito em todos os Vedas e Puranas, brincava à vontade no quintal de Shacidevi. Crescendo um pouco mais, Nimai Se absorveu completamente no humor desquietado de um jovem garoto. Juntando-Se com outros garotos brahmanas igualmente inquietos, Ele desfrutou de muitos passatempos. Acompanhado de Seus amigos, Ele vagava livremente de um lugar a outro. Ninguém tinha o poder de fazê-lO parar quieto. Encontrando-Se com outro garoto de Sua idade, Nimai implicava com ele e o garoto retribuía as provocações. Assim se dava inicio a ferrenhas e longas discussões. Porque Nimai era muito poderoso, Ele e Seus amigos sempre saíam vitoriosos nessas discussões. Os adversários iam embora derrotados. Coberto de poeira e gotejado de tinta preta de escrever, Nimai parecia muito encantador àqueles que O viam.

Ao meio dia, após terminarem seus exercícios de ouvir e escrever, Nimai e Seus amigos iam se banhar e se divertir no Ganges. Mergulhando nas águas do Ganges, Nimai e Seus amigos desafiavam uns aos outros espirrando água. Quem é capaz de descrever a opulência de Nadiya quando o Senhor Supremo estava pessoalmente presente ali? Inúmeras pessoas se banhavam em cada ghata do rio. É impossível dizer quantos santos, ascetas, sannyasis, pais de família e crianças se encontravam ali. O Senhor desfrutava de muitos passatempos aquáticos com Seus amigos. Ora Ele mergulhava, ora boiava com a correnteza do rio e ora participava de jogos estabelecidos por eles mesmos. Tendo as brincadeiras aquáticas por pretexto, o Senhor espirrava água com Seus divinos pés de lótus em quem quer que estivesse próximo a Ele; beneficiando, destarte, tais afortunados banhistas.

As pessoas diziam a Nimai que Ele não devia ser tão traquinas, mas Ele não dava ouvidos a ninguém. E, sendo Ele o nadador mais veloz, ninguém podia pegá-lO. Contaminando as pessoas de diferentes maneiras, umas vezes tocando em seus corpos e outras vezes cuspindo neles, Nimai obrigava que todos tomassem banho várias vezes. Incapazes de pegar Nimai para repreendê-lO, os brahmanas iam enfurecidos se queixar com o pai do garoto. “Querido amigo Misra, por favor, escute”, um cavalheiro disse. “Venho até o senhor para me queixar da má conduta de seu filho. Ele não nos deixa executar nossas abluções diárias no Ganges de maneira apropriada”. Outro se queixou em seguida: “Ele espirra água em nossos rostos e perturba nossa meditação”. Outro homem então tomou a palavra: “Ao interromper minha meditação, Ele disse: ‘Em quem você está meditando? Eu sou o próprio Senhor Narayana, agora presente ante seus olhos nesta era de Kali”. Todos apresentavam diferentes reclamações. Um homem dizia: “Ele roubou minha Shiva-linga”, e outro logo adicionava: “E também roubou minhas roupas”. Outro banhista reportou: “Preparando-me para adorar o Senhor Vishnu, eu trouxera flores, grama durva, alimentos para serem oferecidos e também um trono para Ele. Então, enquanto me banhava, seu filho veio, sentou-Se no trono, comeu todas as oferendas e então foi embora correndo. Ele então voltou e me disse: ‘Por que você está triste? O Senhor de sua adoração comeu pessoalmente sua oferenda’.”.

Diferentes pessoas seguiam se queixando. Um brahmana disse: “Eu entrei na água para recitar o Gayatri e, parecendo vir do nada, Nimai veio por debaixo d’água e me derrubou puxando o meu pé. Outro homem disse: “Meu dhoti e minha cesta de flores são invariavelmente roubados todos os dias”. Ao que outro com problema similar acrescentou: “Ele sempre rouba o meu Bhagavad-gita”. Outro, um tanto exasperado, colocou então suas queixas: “Ele coloca água no ouvido de meu filho pequeno e o faz chorar ruidosamente”. Um novo homem tomou a palavra em seguida: “Ele sobe por minhas costas até ficar de pé em meus ombros. Sobre meus ombros, Ele grita ‘Eu sou o senhor Shiva!’ e então mergulha na água”. “Ele Se senta em meu altar”, outro homem começou a falar, “come toda a comida a ser oferecida e então adora o Senhor Vishnu. Além disso, acompanhado por outros meninos irrequietos, Ele joga areia em todos que acabaram de se banhar. Uma de suas piores brincadeiras, porém, é que, enquanto os homens e as mulheres estão se banhando, Ele coloca as roupas das mulheres na beira de onde os homens estão se banhando e as roupas dos homens onde estão as mulheres. Dessa maneira, todos ficam constrangidos. Querido Jagannatha Misra, você é meu amigo querido; eu, todavia, tenho de lhe avisar: seu filho age dessa maneira diariamente e o dia todo. Ele passa seis horas sem sair da água. Como Seu corpo poderá permanecer saudável?”.

Entrementes, muitas garotas jovens, revoltadas com as travessuras de Nimai, queixavam-se com Shacidevi. Elas disseram a Shaci: “Por favor, respeitável mãe, ouça de nós sobre o mau comportamento de seu filho. Ele rouba nossas roupas e usa palavras insultuosas conosco. Quando tentamos corrigir Sua fala, Ele joga água em nós e inicia uma discussão. Em cumprimento aos nossos votos religiosos, trazemos frutas e flores diariamente ao Ganges, mas Ele pega nossas oferendas e estraga tudo. Ele espera até que terminemos nossas abluções e então, junto com Seus amigos igualmente irrequietos, atira areia em nós. Ele caminha silenciosamente por detrás de nós e, de repente, grita bem alto em nossos ouvidos, quase nos matando de susto”. Outra garota então disse: “Ele sempre atira água no meu rosto. Ele também coloca sementes de okada em meu cabelo, que coçam e são muito difíceis de se tirar”. Outra voz queixou-se interrompendo a anterior: “Nimai fica dizendo que irá Se casar comigo”. “Ele age dessa maneira diariamente. Ele é filho do rei por acaso?”, elas inquiriram. “Tudo o que seu filho Nimai faz é tal qual as atividades do filho de Nanda Maharaja. Nós ouvimos algumas histórias sobre Krishna, o filho de Nanda. Se levarmos até nossos pais e mães essas queixas, eles certamente virão discutir com você. Você deveria corrigir seu filho imediatamente. Sua conduta certamente não é bem-vinda em uma cidade como Navadvipa”.

Tendo ouvido suas palavras, a mãe de Sri Chaitanya Mahaprabhu sorriu, abraçou cada uma das jovens e falou-lhes palavras confortantes. “Quando Nimai voltar para casa hoje, eu irei bater nEle com uma vara e também irei amarrá-lO. Assim, Ele nunca mais causará dificuldade para os outros”. Todas elas respeitosamente colocaram a poeira dos pés de Mãe Shaci sobre suas cabeças e procederam para o Ganges para se banharem novamente. Todo aquele que era importunado pelas travessuras do Senhor provava intensa felicidade transcendental no íntimo de seu coração. Quando os brahmanas se queixaram com Jagannatha Misra, eles não estavam irritados de verdade. Todavia, quando Jagannatha Misra ouviu sobre o que Nimai fazia, ele rugiu de raiva. Ele disse: “Já que Ele está sempre incomodando a todos com essas brincadeiras, eu irei proibi-lO definitivamente de ir Se banhar no Ganges”. Todos vinham tentando interferir no comportamento do garoto, mas, até então, ninguém havia sido bem sucedido. Jagannatha Misra então decidiu: “Eu irei bater nEle com uma varinha”.

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