terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Cantar do Nome de Hari e a Oferenda de Ekadasi


Todo passatempo executado pelo Senhor Chaitanya era de impossível compreensão. Ele ansiava por coisas que eram muito difíceis de serem auferidas. Quando percebia não ser capaz de pegar os passarinhos que Ele via voando no céu, o pequeno Nimai então chorava em profundo desapontamento. Ele ansiava pegar a lua e as estrelas. Incapaz de tê-las, Ele Se debatia batendo Suas mãos e pés violentamente contra o chão. As pessoas O colocavam no colo e tentavam confortá-lO, mas Ele Se recusava a Se acalmar. Ele dizia chorando: “Mas Eu quero! Eu quero!”. Havia apenas uma solução para o choro do Senhor. Apenas quando Ele ouvia o som do nome do Senhor Hari, Ele parava de chorar. Todos batiam palma e cantavam: “Hari! Hari!”. Somente assim Nimai esquecia Sua aflição e ficava calmo. O frequente cantar dos nomes do Senhor Hari para o prazer de Nimai transformou a casa de Jagannatha Misra na transcendental morada de Vaikuntha.

Um dia, mesmo com todos cantando bem alto o nome do Senhor Hari, o pequeno Sri Chaitanya continuou chorando. Todos disseram: “Querido Nimai! Escute! Estamos cantando os nomes do Senhor Hari. Dance para nós!”. Mas, sem dar ouvidos a ninguém, Nimai continuou chorando. “Querida criança, diga-nos por que Você chora tanto”. Todos disseram: “Querido, diga-nos o que Você quer. Traremos para Você qualquer coisa que queira. Então, pare de chorar”. O Senhor disse: “Se vocês querem salvar Minha vida, então vão sem demora à casa de dois brahmanas. Jagadisa Pandita e Hiranya Pandita são ambos grandes devotos do Senhor. Há algo na casa deles que Eu quero ter. Hoje é ekadasi. Eu quero comer os alimentos que eles ofereceram ao Senhor Vishnu neste dia. Se Eu puder comer os remanentes daquelas oferendas, Eu ficarei saudável e calmo novamente”.

Ouvindo tal pedido impossível de se realizar, Mãe Saci ficou aflita. O que Ele queria não era nem comum socialmente nem sancionado pelas escrituras. Todos sorriram ante Suas palavras infantis e prometeram: “Tudo bem, nós Lhe daremos tudo o que Você quiser, mas agora pare de chorar”. Jagadisa Pandita e Hiranya Pandita eram Vaishnavas de primeira classe e amigos inseparáveis de Sri Jagannatha Misra. De fato, Jagannatha Misra os considerava tão queridos quanto sua própria vida. Quando souberam do pedido de Nimai, os dois brahmanas foram tomados de prazer. Os dois brahmanas declararam: “Que história extraordinária! Nunca ouvimos falar de uma criança tão inteligente. Como Ele sabia que hoje é ekadasi e que a oferenda de alimento à Deidade foi opulenta? Agora entendemos a beleza excepcional da criança. O Senhor Krishna Gopala deve estar vivendo dentro de Seu corpo. O Supremo Senhor Narayana age através deste garoto. Sentado em Seu coração, o Senhor faz com que Nimai fale de maneiras impressionantes”. Pensando dessa maneira, os dois brahmanas Vaishnavas trouxeram toda a prasadam para a casa do Senhor e, com ilimitada felicidade, deram tudo para Ele. “Filho, por favor, coma esta prasadam”, eles disseram a Nimai. “Dessa maneira, nosso desejo de comprazer o Senhor Krishna será realizado”.

Unicamente através da misericórdia de Krishna pode uma pessoa desenvolver inteligência espiritual para prestar serviço devocional. Com exceção dos devotos do Senhor, ninguém é verdadeiramente inteligente. Sem se ocupar em serviço devocional, não se pode conhecer a verdade sobre o Senhor Supremo, o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, de cujos poros emanam os ilimitados universos.

Hiranya e Jagadisa, que há vidas e vidas vinham atuando como servos do Senhor, contemplaram para sua plena satisfação como o Senhor Supremo desfrutava de Seus passatempos como um menino brahmana. O Senhor alegremente recebeu a oferenda de Seus devotos e provou um pouco de cada preparação. O Senhor comeu a prasadam com grande prazer. Assim, todo o Seu capricho foi mitigado. Todos na casa voltaram a cantar “Hari! Hari!”, e o Senhor comia e dançava enquanto ouvia o cantar de Seus nomes. Um pouco da prasadam que Ele comia às vezes caía no chão ou nos braços ou pernas de alguém. Dessa maneira, o Senhor do universo, o controlador das três classes de misérias e rei dos trinta milhões de semideuses, desfrutava de Seus passatempos transcendentais.

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