terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Passatempos Infantis do Senhor Chaitanya


Passatempos Infantis do Senhor Chaitanya


Da obra Sri Chaitanya-Bhagavata,
De Vrindavana dasa Thakura,
Adi-khanda, Capítulo 6

O Senhor Chaitanya, assim como o pequeno Gopala Krishna, desfrutou de muitos passatempos. Passado algum tempo, era chegado o dia para o início de Sua educação formal. Em um momento auspicioso de um dia auspicioso, o grande brahmana Jagannatha Misra formalmente colocou na mão de seu filho o giz de escrever. Após alguns dias, na presença de todos os Seus amigos, Nimai [Chaitanya] passou pela cerimônia de cuda-karana, quando os garotos brahmanas têm a cabeça raspada, com exceção da sikha. A cerimônia de karna-beda, quando se ouvem os Vedas pela primeira vez, também foi observada. Todos ficaram deveras impressionados vendo que Nimai era capaz de escrever todas as letras do alfabeto as tendo visto pela primeira vez. No decorrer de dois ou três dias, o Senhor havia aprendido todas as combinações de letras. Repetidas vezes, Ele escrevia os nomes do Senhor – diversos nomes unidos como se em uma guirlanda. Dia e noite, Ele escrevia: “Rama”, “Krishna”, “Murari”, “Mukunda”, “Vanamali”. Ele estudava com grande avidez. Narayana, o Senhor dos planetas Vaikuntha, agora ia para a escola com um grupo de garotos. Apenas as almas mais afortunadas e piedosas de Nadiya podiam presenciar tais passatempos. Ouvindo-O recitar com grande doçura o alfabeto Bengali, “ka, kha, ga, gha”, todos eram imediatamente cativados.

O Cantar do Nome de Hari e a Oferenda de Ekadasi


Todo passatempo executado pelo Senhor Chaitanya era de impossível compreensão. Ele ansiava por coisas que eram muito difíceis de serem auferidas. Quando percebia não ser capaz de pegar os passarinhos que Ele via voando no céu, o pequeno Nimai então chorava em profundo desapontamento. Ele ansiava pegar a lua e as estrelas. Incapaz de tê-las, Ele Se debatia batendo Suas mãos e pés violentamente contra o chão. As pessoas O colocavam no colo e tentavam confortá-lO, mas Ele Se recusava a Se acalmar. Ele dizia chorando: “Mas Eu quero! Eu quero!”. Havia apenas uma solução para o choro do Senhor. Apenas quando Ele ouvia o som do nome do Senhor Hari, Ele parava de chorar. Todos batiam palma e cantavam: “Hari! Hari!”. Somente assim Nimai esquecia Sua aflição e ficava calmo. O frequente cantar dos nomes do Senhor Hari para o prazer de Nimai transformou a casa de Jagannatha Misra na transcendental morada de Vaikuntha.

Um dia, mesmo com todos cantando bem alto o nome do Senhor Hari, o pequeno Sri Chaitanya continuou chorando. Todos disseram: “Querido Nimai! Escute! Estamos cantando os nomes do Senhor Hari. Dance para nós!”. Mas, sem dar ouvidos a ninguém, Nimai continuou chorando. “Querida criança, diga-nos por que Você chora tanto”. Todos disseram: “Querido, diga-nos o que Você quer. Traremos para Você qualquer coisa que queira. Então, pare de chorar”. O Senhor disse: “Se vocês querem salvar Minha vida, então vão sem demora à casa de dois brahmanas. Jagadisa Pandita e Hiranya Pandita são ambos grandes devotos do Senhor. Há algo na casa deles que Eu quero ter. Hoje é ekadasi. Eu quero comer os alimentos que eles ofereceram ao Senhor Vishnu neste dia. Se Eu puder comer os remanentes daquelas oferendas, Eu ficarei saudável e calmo novamente”.

Ouvindo tal pedido impossível de se realizar, Mãe Saci ficou aflita. O que Ele queria não era nem comum socialmente nem sancionado pelas escrituras. Todos sorriram ante Suas palavras infantis e prometeram: “Tudo bem, nós Lhe daremos tudo o que Você quiser, mas agora pare de chorar”. Jagadisa Pandita e Hiranya Pandita eram Vaishnavas de primeira classe e amigos inseparáveis de Sri Jagannatha Misra. De fato, Jagannatha Misra os considerava tão queridos quanto sua própria vida. Quando souberam do pedido de Nimai, os dois brahmanas foram tomados de prazer. Os dois brahmanas declararam: “Que história extraordinária! Nunca ouvimos falar de uma criança tão inteligente. Como Ele sabia que hoje é ekadasi e que a oferenda de alimento à Deidade foi opulenta? Agora entendemos a beleza excepcional da criança. O Senhor Krishna Gopala deve estar vivendo dentro de Seu corpo. O Supremo Senhor Narayana age através deste garoto. Sentado em Seu coração, o Senhor faz com que Nimai fale de maneiras impressionantes”. Pensando dessa maneira, os dois brahmanas Vaishnavas trouxeram toda a prasadam para a casa do Senhor e, com ilimitada felicidade, deram tudo para Ele. “Filho, por favor, coma esta prasadam”, eles disseram a Nimai. “Dessa maneira, nosso desejo de comprazer o Senhor Krishna será realizado”.

Unicamente através da misericórdia de Krishna pode uma pessoa desenvolver inteligência espiritual para prestar serviço devocional. Com exceção dos devotos do Senhor, ninguém é verdadeiramente inteligente. Sem se ocupar em serviço devocional, não se pode conhecer a verdade sobre o Senhor Supremo, o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, de cujos poros emanam os ilimitados universos.

Hiranya e Jagadisa, que há vidas e vidas vinham atuando como servos do Senhor, contemplaram para sua plena satisfação como o Senhor Supremo desfrutava de Seus passatempos como um menino brahmana. O Senhor alegremente recebeu a oferenda de Seus devotos e provou um pouco de cada preparação. O Senhor comeu a prasadam com grande prazer. Assim, todo o Seu capricho foi mitigado. Todos na casa voltaram a cantar “Hari! Hari!”, e o Senhor comia e dançava enquanto ouvia o cantar de Seus nomes. Um pouco da prasadam que Ele comia às vezes caía no chão ou nos braços ou pernas de alguém. Dessa maneira, o Senhor do universo, o controlador das três classes de misérias e rei dos trinta milhões de semideuses, desfrutava de Seus passatempos transcendentais.

Queixas e Travessuras Transcendentais


A Suprema Personalidade de Deus, que é descrito em todos os Vedas e Puranas, brincava à vontade no quintal de Shacidevi. Crescendo um pouco mais, Nimai Se absorveu completamente no humor desquietado de um jovem garoto. Juntando-Se com outros garotos brahmanas igualmente inquietos, Ele desfrutou de muitos passatempos. Acompanhado de Seus amigos, Ele vagava livremente de um lugar a outro. Ninguém tinha o poder de fazê-lO parar quieto. Encontrando-Se com outro garoto de Sua idade, Nimai implicava com ele e o garoto retribuía as provocações. Assim se dava inicio a ferrenhas e longas discussões. Porque Nimai era muito poderoso, Ele e Seus amigos sempre saíam vitoriosos nessas discussões. Os adversários iam embora derrotados. Coberto de poeira e gotejado de tinta preta de escrever, Nimai parecia muito encantador àqueles que O viam.

Ao meio dia, após terminarem seus exercícios de ouvir e escrever, Nimai e Seus amigos iam se banhar e se divertir no Ganges. Mergulhando nas águas do Ganges, Nimai e Seus amigos desafiavam uns aos outros espirrando água. Quem é capaz de descrever a opulência de Nadiya quando o Senhor Supremo estava pessoalmente presente ali? Inúmeras pessoas se banhavam em cada ghata do rio. É impossível dizer quantos santos, ascetas, sannyasis, pais de família e crianças se encontravam ali. O Senhor desfrutava de muitos passatempos aquáticos com Seus amigos. Ora Ele mergulhava, ora boiava com a correnteza do rio e ora participava de jogos estabelecidos por eles mesmos. Tendo as brincadeiras aquáticas por pretexto, o Senhor espirrava água com Seus divinos pés de lótus em quem quer que estivesse próximo a Ele; beneficiando, destarte, tais afortunados banhistas.

As pessoas diziam a Nimai que Ele não devia ser tão traquinas, mas Ele não dava ouvidos a ninguém. E, sendo Ele o nadador mais veloz, ninguém podia pegá-lO. Contaminando as pessoas de diferentes maneiras, umas vezes tocando em seus corpos e outras vezes cuspindo neles, Nimai obrigava que todos tomassem banho várias vezes. Incapazes de pegar Nimai para repreendê-lO, os brahmanas iam enfurecidos se queixar com o pai do garoto. “Querido amigo Misra, por favor, escute”, um cavalheiro disse. “Venho até o senhor para me queixar da má conduta de seu filho. Ele não nos deixa executar nossas abluções diárias no Ganges de maneira apropriada”. Outro se queixou em seguida: “Ele espirra água em nossos rostos e perturba nossa meditação”. Outro homem então tomou a palavra: “Ao interromper minha meditação, Ele disse: ‘Em quem você está meditando? Eu sou o próprio Senhor Narayana, agora presente ante seus olhos nesta era de Kali”. Todos apresentavam diferentes reclamações. Um homem dizia: “Ele roubou minha Shiva-linga”, e outro logo adicionava: “E também roubou minhas roupas”. Outro banhista reportou: “Preparando-me para adorar o Senhor Vishnu, eu trouxera flores, grama durva, alimentos para serem oferecidos e também um trono para Ele. Então, enquanto me banhava, seu filho veio, sentou-Se no trono, comeu todas as oferendas e então foi embora correndo. Ele então voltou e me disse: ‘Por que você está triste? O Senhor de sua adoração comeu pessoalmente sua oferenda’.”.

Diferentes pessoas seguiam se queixando. Um brahmana disse: “Eu entrei na água para recitar o Gayatri e, parecendo vir do nada, Nimai veio por debaixo d’água e me derrubou puxando o meu pé. Outro homem disse: “Meu dhoti e minha cesta de flores são invariavelmente roubados todos os dias”. Ao que outro com problema similar acrescentou: “Ele sempre rouba o meu Bhagavad-gita”. Outro, um tanto exasperado, colocou então suas queixas: “Ele coloca água no ouvido de meu filho pequeno e o faz chorar ruidosamente”. Um novo homem tomou a palavra em seguida: “Ele sobe por minhas costas até ficar de pé em meus ombros. Sobre meus ombros, Ele grita ‘Eu sou o senhor Shiva!’ e então mergulha na água”. “Ele Se senta em meu altar”, outro homem começou a falar, “come toda a comida a ser oferecida e então adora o Senhor Vishnu. Além disso, acompanhado por outros meninos irrequietos, Ele joga areia em todos que acabaram de se banhar. Uma de suas piores brincadeiras, porém, é que, enquanto os homens e as mulheres estão se banhando, Ele coloca as roupas das mulheres na beira de onde os homens estão se banhando e as roupas dos homens onde estão as mulheres. Dessa maneira, todos ficam constrangidos. Querido Jagannatha Misra, você é meu amigo querido; eu, todavia, tenho de lhe avisar: seu filho age dessa maneira diariamente e o dia todo. Ele passa seis horas sem sair da água. Como Seu corpo poderá permanecer saudável?”.

Entrementes, muitas garotas jovens, revoltadas com as travessuras de Nimai, queixavam-se com Shacidevi. Elas disseram a Shaci: “Por favor, respeitável mãe, ouça de nós sobre o mau comportamento de seu filho. Ele rouba nossas roupas e usa palavras insultuosas conosco. Quando tentamos corrigir Sua fala, Ele joga água em nós e inicia uma discussão. Em cumprimento aos nossos votos religiosos, trazemos frutas e flores diariamente ao Ganges, mas Ele pega nossas oferendas e estraga tudo. Ele espera até que terminemos nossas abluções e então, junto com Seus amigos igualmente irrequietos, atira areia em nós. Ele caminha silenciosamente por detrás de nós e, de repente, grita bem alto em nossos ouvidos, quase nos matando de susto”. Outra garota então disse: “Ele sempre atira água no meu rosto. Ele também coloca sementes de okada em meu cabelo, que coçam e são muito difíceis de se tirar”. Outra voz queixou-se interrompendo a anterior: “Nimai fica dizendo que irá Se casar comigo”. “Ele age dessa maneira diariamente. Ele é filho do rei por acaso?”, elas inquiriram. “Tudo o que seu filho Nimai faz é tal qual as atividades do filho de Nanda Maharaja. Nós ouvimos algumas histórias sobre Krishna, o filho de Nanda. Se levarmos até nossos pais e mães essas queixas, eles certamente virão discutir com você. Você deveria corrigir seu filho imediatamente. Sua conduta certamente não é bem-vinda em uma cidade como Navadvipa”.

Tendo ouvido suas palavras, a mãe de Sri Chaitanya Mahaprabhu sorriu, abraçou cada uma das jovens e falou-lhes palavras confortantes. “Quando Nimai voltar para casa hoje, eu irei bater nEle com uma vara e também irei amarrá-lO. Assim, Ele nunca mais causará dificuldade para os outros”. Todas elas respeitosamente colocaram a poeira dos pés de Mãe Shaci sobre suas cabeças e procederam para o Ganges para se banharem novamente. Todo aquele que era importunado pelas travessuras do Senhor provava intensa felicidade transcendental no íntimo de seu coração. Quando os brahmanas se queixaram com Jagannatha Misra, eles não estavam irritados de verdade. Todavia, quando Jagannatha Misra ouviu sobre o que Nimai fazia, ele rugiu de raiva. Ele disse: “Já que Ele está sempre incomodando a todos com essas brincadeiras, eu irei proibi-lO definitivamente de ir Se banhar no Ganges”. Todos vinham tentando interferir no comportamento do garoto, mas, até então, ninguém havia sido bem sucedido. Jagannatha Misra então decidiu: “Eu irei bater nEle com uma varinha”.

Passatempos Infantis do Senhor Chaitanya


A Incastigável e Inconcebível Personalidade de Deus


Porque Ele é a Superalma presente no coração de todos, o Senhor Chaitanya sabia que Jagannatha Misra estava muito irado procurando por Ele. O Senhor Chaitanya seguiu com Seus passatempos esportivos nas águas do Ganges com Seus amigos. Dentre todos os garotos, Ele era o mais encantador. As jovens donzelas se apiedaram de Nimai e disseram a Ele: “Escute, Visvambhara! Escute! Jagannatha Misra está atrás de Você! Ele está vindo para cá! É melhor Você fugir daqui sem demora!”. Pouco antes da chegada de Sri Misra, o Senhor fugiu de onde os meninos brincavam. Assustadas, as jovens filhas dos brahmanas também correram dali. Nimai já havia instruído Seus amigos quanto ao que dizerem quando Seu pai perguntasse de Seu paradeiro. Eles deveriam dizer: “Seu filho não esteve aqui para Se banhar conosco. Depois da aula, Ele voltou para casa. Na verdade, nós também estamos esperando por Ele”. Após deixar esta instrução, o Senhor voltou para casa por um caminho diferente. Assim, Jagannatha Misra chegou ao local de banho sem se encontrar com Ele. Ali, na beira do Ganges, Jagannatha Misra olhou para as quatro direções, mas não pôde encontrar seu filho nem entre os garotos nem em nenhuma outra parte. Jagannatha Misra perguntou nervoso: “Para onde foi Visvambhara?”. Os garotos responderam: “Ele não veio Se banhar aqui hoje. Ele voltou para casa pelo caminho habitual. De fato, nós também estamos esperando por Ele”. Sri Misra continuou procurando por seu filho, mas, incapaz de encontrá-lO, tudo o que podia fazer era bufar de raiva.

Os mesmos brahmanas que anteriormente haviam, em um humor espirituoso, apresentado diversas queixas, foram mais uma vez até Sri Misra e falaram com ele. “Visvambhara correu para casa porque estava com medo. Você deveria ir para casa e conversar com o garoto. Permita-nos acompanhá-lo para nos certificarmos de que você não fará nada de que possa se arrepender depois. Se Nimai fizer esse tipo de travessura novamente, então nós pessoalmente pegaremos o garoto e O levaremos até você. Todas aquelas queixas que fizemos contra Nimai em sua residência foram feitas de forma gracejosa. Na verdade, não se pode encontrar nos três mundos fortuna como a sua. Nimai é um filho tão amável que os membros da família dEle nunca são tocados pela fome, pela sede, pela lamentação ou por qualquer outro sofrimento material. Seu filho é a Suprema Personalidade de Deus. Certamente você é muito afortunado por poder servir diariamente Seus pés de lótus. Mesmo que Ele cometa milhões de ofensas, sempre nos lembraremos de Visvambhara dentro de nossos corações”. Esses brahmanas vinham se ocupando nascimento após nascimento como devotos do Senhor Krishna. Esta é a razão para eles serem dotados com a inteligência superior necessária para a prestação do transcendental serviço devocional ao Supremo. O Senhor Supremo desfrutou de muitos passatempos com tais servos íntimos. Uma pessoa ordinária não pode compreender essas atividades do Senhor.

Jagannatha Misra disse: “Nimai é como um filho para vocês. Se vocês levarem Suas ofensas a sério, então eu estarei arruinado. Por favor, perdoem as atividades dEle”. Após abraçar afetuosamente cada um dos brahmanas, Jagannatha Misra voltou satisfeito para casa. Tendo tomado outro caminho, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Visvambhara, já havia chegado em casa. Brilhando como a lua, Ele carregava belos livros debaixo de Seus braços. Pequenas manchas de tinta de escrever decoravam diferentes partes do corpo de compleição dourada do Senhor. Era como se uma fragrante champaka dourada houvesse atraído um enxame de abelhões.

Mãe!”, Ele chamou, “Eu vou tomar banho, Eu quero o Meu óleo”. Ouvindo as palavras de seu filho, o coração de Shaci se encheu de felicidade. Ela não pôde ver em Seu corpo nenhum sinal de que Ele já havia Se banhado. Shacidevi entregou-Lhe o óleo. Em seu coração, ela se perguntava: “Por que os brahmanas e suas filhas jovens falavam daquele jeito sobre o comportamento de Nimai? Todo o Seu corpo está salpicado de tinta preta de escrever, e Ele estava carregando Seus livros e vestindo as mesmas roupas que usava quando foi para a escola”. Nesse momento, Jagannatha Misra chegava em casa. Vendo Jagannatha Misra, Visvambhara imediatamente pulou em seu colo. Com o abraço amoroso do Senhor, Jagannatha Misra perdeu toda a percepção do restante do mundo. Olhando para o rosto de seu filho, ele se afogou em bem-aventurança. Sri Misra pôde ver que o corpo de Nimai estava coberto de poeira e que não havia nenhum sinal de que Ele houvesse Se banhado. Sri Misra ficou realmente surpreso com aquilo. Jagannatha Misra perguntou: “Visvambhara, que plano Você carrega em Seu coração? Por que Você não deixa as pessoas se banharem em paz? Por que Você arruína os arranjos que as pessoas fazem para adorar o Senhor Vishnu? Você não teme o Senhor Vishnu?”.

Mas hoje Eu nem fui tomar banho ainda! Os garotos foram antes que Eu pudesse ir com eles”, respondeu Nimai. Essas pessoas estão agindo de forma desonesta coMigo. Embora Eu sequer tenha chegado perto delas, elas Me acusam de coisas que não fiz. Se essas pessoas continuarem a apontar falhas no Meu comportamento e continuarem Me acusando de coisas que não fiz, então Eu passarei a Me comportar mal e a criar dificuldade para elas como dizem que faço”. Após dizer essas palavras, o Senhor sorriu e foi Se banhar no Ganges, onde Se encontrou novamente com Seus amigos. Vendo Visvambhara, todos O abraçaram. Quando ouviram sobre a maneira engenhosa com que Ele havia agido, todos riram. Todos O glorificaram dizendo: “Como Você é esperto, Nimai! Você Se livrou de algumas boas chibatadas hoje!”.

Nimai estava novamente ocupado em Suas atividades esportivas aquáticas com Seus amigos. Enquanto isso, Mãe Shaci e Jagannatha Misra consideravam com seriedade o que acontecera. Eles diziam: “Todas as queixas apresentadas contra Nimai certamente não eram mentiras; não havia, no entanto, nenhuma indicação de que Nimai havia Se banhado. Tudo estava de acordo. Seu corpo estava coberto de poeira e Ele estava vestido com as mesmas roupas, que estavam secas. Seu cabelo também estava seco, e Ele carregava Seus livros”. “Eu acho que nosso Visvambhara não é uma pessoa comum”, Sri Misra disse. “Talvez, com a ajuda de Sua potência interna, Yogamaya, a Suprema Personalidade de Deus tenha aparecido pessoalmente em nossa casa como nosso filho. Ou talvez Ele seja um grande santo, cuja identidade foge de meu conhecimento”. Sri Misra, o melhor dos brahmanas, pensava assim sobre a situação. Contudo, quando os dois pais viam seu filho, todas as suas cogitações se dissipavam. Seus corações transbordavam com carinhosa afeição por Nimai, e nada mais lhes importava. Ambos sentiam intensamente a ausência de seu filho. As horas que Nimai passava estudando lhes pareciam dois milênios.

Se os Vedas tivessem dez milhões de formas, cada uma com dez milhões de bocas, ainda assim eles não seriam capazes de descrever a imensa fortuna de Srimati Sacidevi e Jagannatha Misra. Vezes e mais vezes, eu ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de Saci e Jagannatha Misra, a quem o Senhor Supremo e controlador de ilimitadas manifestações cósmicas Se submeteu como filho. Assim, o Senhor de Vaikuntha, Sri Visvambhara, desfrutou de maravilhosos passatempos. Devido à energia espiritual do Senhor Supremo, todavia, ninguém era capaz de reconhecer Sua identidade verdadeira.